quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Manifestantes anti-Wall Street protestam próximo à Bolsa de NY (Postado por Erick Oliveira)

Centenas de manifestantes do movimento Ocupem Wall Street saíram em passeata pelo distrito financeiro de Nova York em direção à Bolsa de Valores nesta quinta-feira (17) para protestar, no coração do capitalismo norte-americano, contra a desigualdade econômica.

A polícia havia prendido pelo menos 50 pessoas por volta de 10h (13h em Brasília), segundo o porta-voz da corporação Paul Browne. A maioria foi detida sob a acusação de conduta desordeira e resistência à prisão.

A polícia armou um forte esquema de segurança em torno da Bolsa de Valores e outros pontos do distrito financeiro de Nova York.

Dezenas de policiais formaram barricadas nas ruas estreitas em torno da bolsa e usaram cassetetes para empurrar os manifestantes para a calçada enquanto eles seguiam por uma rua, vindo de um parque próximo, na tentativa de evitar que os trabalhadores do setor financeiro chegassem a seus locais de trabalho.Gritando 'Nós somos os 99%' -- uma referência à afirmação de que o sistema político dos EUA beneficia só o 1% de mais ricos -- e carregando cartazes onde se lia 'Nós, o povo', os manifestantes lotaram uma rua a poucos quarteirões da bolsa de valores, parando o tráfego.

A polícia começou a prender várias pessoas depois que elas se sentaram e deitaram na rua.

O taxista Mike Tupea, um imigrante romeno, disse que ficou parado no trânsito por 40 minutos.

'Eu tenho que ganhar a vida. Pago US$ 100 por 12 horas neste táxi. Estou perdendo dinheiro a cada minuto', disse ele. 'Eu dou toda a minha simpatia para este movimento, mas deixe-me ganhar o meu dinheiro, deixe as pessoas que trabalham ganhar a vida.'

A maioria das manifestações do movimento que já dura 2 meses, em Nova York, contou com a participação de centenas de pessoas, mas um porta-voz dos manifestantes e autoridades da cidade disseram na quarta-feira que espera/vam que dezenas de milhares de pessoas aparecessem neste dia de ação.

Os manifestantes planejam levar o protesto para 16 estações de metrô mais tarde nesta quinta-feira, e em seguida retornar à Prefeitura para uma manifestação antes de marcharem pela ponte do Brooklyn. No mês passado, mais de 700 pessoas foram presas durante uma passeata semelhante em toda a ponte, depois que alguns manifestantes bloquearam o tráfego.A manifestação acontece dois dias depois que a polícia expulsou centenas de manifestantes de seu acampamento no Parque Zuccotti, em Manhattan, onde o movimento Ocupem Wall Street nasceu, em 17 de setembro, e provocou manifestações de solidariedade e ocupação de espaços públicos por todo o país.

O movimento também incentivou ações semelhantes em outras partes do mundo.

Peter Cohen, um antropólogo de Nova York, usava um terno durante o protesto em uma tentativa de melhorar a imagem do movimento.

'Eu tenho um trabalho e (estou vestindo o terno) porque eu estou cansado da maneira como este movimento tem sido caracterizado como um movimento marginal', disse Cohen, de 47 anos. 'Eu não estou à procura de dinheiro, não estou procurando um emprego, não sou um ativista profissional, apenas um cidadão normal.'

Os manifestantes dizem que eles estão irritados porque bilhões de dólares em resgates dados aos bancos durante a recessão permitiram um retorno dos grandes lucros para essas instituições, enquanto os norte-americanos comuns não tiveram alívio do alto desemprego e da economia em dificuldades.

Eles também dizem que o 1% de mais ricos não paga sua justa parcela de impostos.

domingo, 6 de novembro de 2011


Campo de Detenção da Baía de Guantánamo



Detidos em Camp X-Ray

Campo Delta em Guantánamo, base militar estadunidense em solo cubano.
Prisão de Guantánamo, oficialmente Campo de Detenção da Baía de Guantánamo (em inglêsGuantánamo Bay Detention Camp), é uma prisão militarestadunidense, parte integrante da Base Naval da Baía de Guantánamo, que, por sua vez, está incrustada na baía homônima, na província também homônima, na ilha de Cuba.
A Base abriga três campos de detenção: Camp Delta, construído em 2002 e composto de 5 outros campos (1, 2, 3, 4 e Camp Echo), Camp Iguana e Camp X-Ray, atualmente fechado.








SAIBA MAIS:

sábado, 29 de outubro de 2011


29 de outubro de 1945 – Vargas renuncia. Chega ao fim o Estado Novo

29 de outubro de 1945 – Vargas renuncia. Chega ao fim o Estado Novo
Enviado por: Alice Melo

A queda dos governos autoritários na Europa, com o fim da Segunda Guerra, era o prenúncio de que o Estado Novo estava com os dias contados. No dia 29 de outubro Getúlio Vargas não tinha maiscomo escapar: grande parte da população, principalmente os estudantes, ia às ruas clamando por liberdade e democracia; e o Exército, desejoso de poder, preparava um golpe armado. Apesar do apoio do seu eleitorado, que pedia Vargas à frente da nova constituinte, o presidente não teve escolha e teve que renunciar, concluindo assim os seus 15 anos de governo.

O estopim da insurreição foi o fato de Vargas ter nomeado como Chefe de Polícia o seu irmão, Benjamin Vargas, dias após ter adiado as eleições presidenciais, marcadas para dois de dezembro. Góis Monteiro, Chefe do Estado Maior, assim que soube que Benjamim ocupara o alto cargo, convocou a cúpula das Forças Armadas e decidiu não protelar o golpe.

“A consciência da grave situação que o País atravessa, e a intenção perene de contribuir até o derradeiro sacrifício para evitar a anarquia, fizeram com que eu voltasse a ocupar o cargo de Ministro da Guerra. Renunciei a todas as vantagens (...) para tentar um desesperado esforço no sentido de impedir que o Exército se tornasse presa de políticos sem entranhas e, em conseqüência, se dividisse e afundasse no faciosismo, em vez de continuar como garantia de ordem e da integridade nacional”, escreveu Góis Monteiro em carta ao povo brasileiro.

No dia seguinte à renúncia, assumiu como presidente interino o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, que logo restabeleceu para dois de dezembro o dia do pleito que elegeria Eurico Gaspar Dutra como Chefe de Estado do Brasil.

Apesar de ter deixado o governo, Vargas continuou atuando na política brasileira: apoiou a candidatura de Dutra e, cinco anos depois, lançou-se candidato à Presidência, sendo eleito democraticamente e permanecendo no poder até 1954, quando cometeu suicídio.

Fonte: JBlog

domingo, 14 de agosto de 2011

Distúrbios de rua são novo golpe para David Cameron (Carta Maior)


Distúrbios de rua são novo golpe para David Cameron

Os distúrbios se converteram em uma prova de fogo para o governo de David Cameron, que já havia sido atingido pelo escândalo das escutas telefônicas e pela crise econômica. Em uma tentativa de recuperar a iniciativa em uma crise que o encontrou em férias na Toscana, o primeiro ministro indicou que estavam estudando medidas para impedir que se usem as redes sociais para incitar a “violência, desordem ou atos criminosos”, o aumento das penas e um sistema para avançar com programas contra a cultura das gangues violentas. A reportagem é de Marcelo Justo, correspondente da Carta Maior em Londres.

A Câmara dos Comuns raramente é criticada no verão. Os distúrbios e saques dos últimos dias no Reino Unido obrigaram os deputados a esquecer suas férias e regressar ao parlamento. O ambiente era sombrio. O Reino Unido parecia em guerra.

O primeiro ministro britânico, David Cameron, adotou o ar intransigente de Winston Churchill, modelo de boa parte da classe política inglesa. O primeiro ministro defendeu a intervenção do exército “se fosse necessário”, advertiu que os 16 mil policiais permanecerão nas ruas até o fim de semana e ameaçou expulsar das habitações subsidiadas pelo Estado quem tiver participado dos distúrbios que comoveram a Inglaterra nos últimos cinco dias.

A presença policial nas ruas, o desgaste e a tradicional chuva inglesa neutralizaram o que durante alguns dias pareceu uma maré incontrolável de saques e distúrbios em Londres e nas principais cidades inglesas. Lentamente as ruas estão recuperando a normalidade. Mesmo assim, muitos negócios em zonas afetadas, fecharam suas portas cedo nesta quinta-feira e a Associação de Futebol Inglesa esperará até essa sexta para anunciar se efetivamente começará o campeonato nacional neste fim de semana. Em um caso a decisão já está tomada. A partida entre Tottenham e Everton, que deveria ser disputada neste sábado, foi suspensa: o bairro de Tottenham foi o ponto de partida dos distúrbios no sábado passado.

No plano político, o debate está recém começando. Na Câmara dos Comuns, o discurso predominante foi o da linha dura. “O circuito fechado de televisão vai nos ajudar a prender os suspeitos e vamos publicar seus rostos nos meios de comunicação sem nos importarmos com fictícias preocupações com os direitos humanos”, assinalou Cameron. A polícia calcula que há cerca de dois mil suspeitos que podem ser identificados com estas câmeras que permitem captar rostos a 75 metros de distância mediante o uso de potentes zooms. No total, ocorreram mais de 1500 prisões e as surpresas continuam ao se revelar a identidade de alguns dos detidos. O estereótipo – pobre, desempregado, negro afrocaribenho – faz água. Pelos tribunais desfilaram um designer gráfico, estudantes universitários, um professor e até um aspirante ao exército. Junto deles, desempregados, ex-condenados e adolescentes acusados de roubar um traje esportivo ou um par de tênis. Com uma velocidade raramente vista na justiça britânica, ocorreram sentenças em 24 horas.

Prova de fogo
Os distúrbios se converteram em uma prova de fogo para o governo de David Cameron, que já havia sido atingido pelo escândalo das escutas telefônicas e pela crise econômica. Em uma tentativa de recuperar a iniciativa em uma crise que o encontrou em férias na Toscana, o primeiro ministro indicou que estavam estudando medidas para impedir que se usem as redes sociais para incitar a “violência, desordem ou atos criminosos”, o aumento das penas e um sistema para avançar com programas contra a cultura das gangues violentas.

O líder da oposição, o trabalhista Ed Miliband, somou-se à condenação dos distúrbios, mas criticou a redução de efetivos policiais programada para ocorrer logo depois do Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. “Dada a absoluta prioridade que a população outorga a uma presença policial ativa e visível nas ruas, não é hora de o governo recuar nos cortes que pretende fazer nesta área?”, perguntou Miliband. Cerca de 20% do orçamento policial desaparecerá em função dos cortes: em Londres, estima-se que haverá dois mil policiais a menos nas ruas.

Milliband também tentou pressionar o primeiro ministro pela esquerda. Em uma das raras menções feitas aos problemas socioeconômicos de fundo, o líder trabalhista lembrou a Cameron que o mesmo havia dito quando estava na oposição que entender o pano de fundo, as razões e as causas não é uma tentativa de justificar a delinquência, mas sim uma tentativa de lidar com ela. “Sem dúvida, estes são fatos delituosos executados por indivíduos. Mas temos que nos perguntar por que há tanta gente que sente que não tem nada a perder e muito a ganhar com esses atos de vandalismo e saque. As causas são complexas e para entendê-las temos que escutar o que nos diz a própria comunidade”, assinalou Milliband.

O debate econômico
O debate parlamentar moveu-se também para a crise econômica e financeira. O ministro das Finanças, George Osborne, negou-se a recuar no ajuste que está sendo implementado pela coalizão conservadora-liberal democrata, equivalente a cerca de 150 bilhões de dólares nos próximos quatro anos. “Abandonar esse compromisso jogaria o Reino Unido no redemoinho da crise financeira e custaria milhares de empregos”, assinalou Osborne.

Na Câmara, o porta-voz econômico dos trabalhistas, Ed Balls, disse que o governo negava-se a ver a realidade. “É preciso ter um plano para reduzir o déficit, mas não podemos seguir com esta política de terra arrasada que corta muito rápido e profundo, abalando os pilares de nossa economia e deixando-a mais exposta ao furacão global”, assinalou Balls.

Tradução: Katarina Peixoto

domingo, 24 de julho de 2011



Partido Socialista português elege novo secetário-geral  

O Partido Socialista (PS) de Portugal elegeu neste domingo o deputado e professor universitário Antônio José Seguro para o cargo de secretário-geral da legenda, em substituição ao ex-primeiro-ministro José Sócrates. O novo líder dos socialistas lusos, que foi ministro em 2001 com o governo de Antônio Guterres, dirigirá o principal partido da oposição portuguesa, após a vitória dos conservadores nas eleições antecipadas de junho, que encerraram seis anos de poder do PS.

Seguro, que manteve uma discreta oposição a Sócrates, obteve apoio de 67,9% dos eleitores do partido, contra 32% de seu único adversário, Francisco Assis, ex-líder do grupo parlamentar socialista e considerado mais próximo do primeiro-ministro anterior. Em suas primeiras palavras aos militantes após saber de sua vitória, o novo líder socialista reiterou seu apoio ao cumprimento do severo programa de austeridade econômica assinado pelo governo socialista de Sócrates para conseguir o resgate financeiro do país.

No entanto, ele advertiu ao atual Executivo conservador que defenderá "as funções sociais do Estado" e não deixará de apresentar "soluções alternativas" aos problemas do país, que sofre a pior crise em suas mais de três décadas de democracia.

Seguro, de 49 anos, criticou a falta de sensibilidade social das medidas contra a crise aprovadas pelo atual primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, mas assegurou que sua oposição, embora "firme", será também "responsável, construtiva e leal".

Em relação a seu próprio partido, Seguro destaco que cogita promover a renovação interna e abrir um novo ciclo nos quadros socialistas com novos "protagonistas".
EFE
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Venezuela ultrapassa Arábia Saudita em reservas de petróleo, diz Opep (Postado por Erick Oliveira)


As reservas confirmadas de petróleo cru da Venezuela ultrapassaram em 2010 as da Arábia Saudita, segundo boletim anual divulgado nesta segunda-feira pela Organização do Países Exportadores de Petróleo (Opep). Até 2009, a Arábia Saudita aparecia com o maior volume de reservas.
De acordo com a Opep, as reservas confirmadas da Venezuela chegaram a 296,5 bilhões de barris em 2010, o que representa um crescimento de 40,4% em relação ao ano anterior. A Arábia Saudita registrou reservas de 264,5 bilhões de barris, mantendo o mesmo nível de 2009.
O Irã aparece no boletim como o detentor da terceira maior reserva (151,1 bilhões), alta de 10,3% em relação a 2009. As reservas do Iraque registraram alta de 24,4%, alcançado 143,1 bilhões de barris.
Segundo os dados da Opep, as reservas do Brasil chegaram em 2010 a 12,85 bilhões de barris, alta de 0,4% frente em relação ao ano anterior.
Analistas têm dúvidas sobre se as adições às reservas venezuelanas têm viabilidade econômica, já que a maior parte é de petróleo pesado e extrapesado da Bacia do Orinoco, cuja extração é considerada mais difícil e mais cara. As estatísticas venezuelanas, que anteriormente eram controvertidas, agora são consideradas mais confiáveis, depois de a Agência Internacional de Energias (AIE, da ONU) revisar seus critérios de cálculo, no mês passado.
Segundo a Opep, as reservas de petróleo bruto de todos os países membros totalizavam 1,193 trilhão de barris no fim de 2010, com um crescimento de 12,1% em relação ao ano anterior.

domingo, 17 de julho de 2011

Calote da dívida dos EUA põe em risco economia mundial

 Os EUA podem suspender o pagamento de suas dívidas com o mercado mundial a partir de 2 de agosto por terem atingido ao limite máximo de endividamento do país, US$ 14,9 trilhões.  O Fundo Monetário Internacional (FMI) já advertiu que esta segunda grande onda da crise econômica que abala os países ricos do mundo seria uma espécie de “choque global”. (OM)
 Os Estados Unidos estão avançando para um calote sem precedentes em suas dívidas com o mercado. Na noite da última segunda-feira (11/8)  terminou sem resultado prático uma reunião na Casa Branca entre o presidente Barack Obama, o vice Joe Binden e oito parlamentares do Congresso dos EUA, entre eles o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner.
O governo quer passar a trabalhar sem o teto de US$ 14,9 trilhões de endividamento máximo – que será atingido em 2 de agosto. A partir dessa data, pelas regras atuais, a administração americana não disporá de mais recursos para saldar seus compromissos como, por exemplo, o resgate de títulos em poder de investidores do mundo inteiro.
O Congresso dos EUA, porém, não aceita liberar o governo do teto de endividamento sem obter, em troca, medidas para aumentar a arrecadação fiscal e cortar os gastos públicos. O máximo que a reunião da Casa Branca produziu foi a marcação de uma nova reunião. “O presidente estava visivelmente frustrado”, disse um dos participantes ao jornal “USA Today”.
A exigência dos parlamentares para ampliar o teto de endividamento dos EUA é a de um programa federal que aumente em US$ 1 trilhão a arrecadação e reduza em US$ 3 trilhões os gastos do governo, especialmente os sociais.
 O problema é que as promessas neste sentido de Obama e Biden não estão convencendo os republicanos, que se recusam a liberar mais dinheiro para o governo enfrentar os compromissos já assumidos. O impasse, se permanecer, levará ao calote a partir de 2 de agosto.  A perspectiva do não pagamento de dívidas pelo governo da maior economia do mundo está elevando a tensão na alta cúpula da economia mundial.
“Eu não posso imaginar por um segundo que os Estados Unidos possam dar um calote”, disse ao “The Wall Street Journal “ a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. “Isso seria um verdadeiro choque e uma má notícia para a economia dos EUA".
Para ela, o calote americano "certamente comprometeria a estabilidade" da economia global. "Espero que haja inteligência suficiente dos dois partidos e compreensão do desafio que está à frente dos Estados Unidos, mas também do resto do mundo", declarou.
Bernanke e Lagarde: default coloca em risco economia mundial
O presidente do Banco Central dos EUA, Ben Bernanke, afirmou nesta quarta-feira (13/8), por sua vez,  que o  não pagamento da dívida dos Estados Unidos provocará  uma "grande crise" que repercutiria na economia mundial, segundo explicou na Comissão de Finanças da Câmara de Representantes. O limite da dívida foi alcançado em maio deste ano e desde então, o governo não pode mais aumentar seu endividamento.
Se os Estados Unidos não aumentarem o limite máximo de endividamento antes de 2 de agosto, serão obrigados a não honrarem seus compromissos, "levando o sistema financeiro ao caos, afetando muito a economia mundial", afirmou  Bernanke.
Ele se referia ao fato de os títulos dos Tesouro americano serem considerados no mundo todo um investimento quase tão seguro quanto o ouro. Bernanke advertiu que um default do Tesouro americano teria consequências dramáticas para a economia dos EUA e do mundo.
 “Isto pode causar problemas enormes: as taxas de juros começariam a subir na medida em que os credores questionassem a capacidade do país de pagar as dívidas, o que enfraqueceria a nossa economia e aumentaria ainda mais o déficit".
Acrescentou que "os dados mais recentes da economia mostram a persistência da fragilidade do mercado de trabalho, mas os fatores que contribuíram para a desaceleração da recuperação no primeiro semestre, principalmente o avanço da inflação, devem ser temporários", disse Bernanke.
Já a nova chefe do FMI, Christine Lagarde, também afirmou domingo passado (10/8) que um eventual não cumprimento, ou default (não pagamento), por parte dos Estados Unidos em relação a seus compromisso de dívida poderá colocar em risco a estabilidade da economia mundial, e pediu aos políticos americanos que cheguem a um acordo sobre o orçamento.
"Isso, sem dúvida, vai de encontro ao propósito e missão do Fundo Monetário Internacional. Por isso estamos preocupados", enfatizou. Se os políticos americanos não conseguirem um acordo, será "um grande golpe para os mercados de ações e terá consequências muito feias, não apenas para os Estados Unidos, como para toda a economia em geral, porque os Estados Unidos são um ator muito importante e afeta muito a outros países", explicou.
"Não posso imaginar nem por um segundo que os Estados Unidos caiam em default", concluiu.
Vejam o vídeo “A Doutrina do Choque”, imperdível apesar de longo
 Deutsche Welle: Obama exige solução do Congresso

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não é a Grécia. É o capitalismo, estúpido!


13/7/2011 21:03,  Por Atilio Boron - de Buenos Aires
Grécia
A Grécia vive um momento de turbulência social e econômica
As mídias, as consultorias, os economistas, os bancos de investimentos, os presidentes dos bancos centrais, os ministros de fazenda, os governantes não fazem outra coisa que falar da “crise grega”. Ante tal vozerio mal intencionado, é oportuno parafrasear um exemplo da campanha de Bill Clinton para dizer e insistir que a crise é do capitalismo, não da Grécia. Que este país é um dos elos mais frágeis da cadeia imperialista e que é por causa dele que ali ocorre a eclosão das contradições, ora corroendo-o irremediavelmente.
O alarme dos capitalistas, sem dúvida justificado, é que a queda da Grécia pode arrastar outros países como Espanha, Irlanda, Portugal e comprometer seriamente a estabilidade econômica e política das principais potências da União Europeia.Segundo informa a imprensa financeira internacional, representante dos interesses da “comunidade de negócios” (leia-se: os gigantescos oligopólios que controlam a economia mundial), a resistência popular às brutais medidas de austeridade propostas pelo ex-presidente da Internacional Socialista e atual primeiro ministro grego, Georgios Andreas Papandreu, ameaçam jogar pela janela todos os esforços até agora realizados para amenizar a crise.
A aflição se espalha no patronato frente às dificuldades com que tropeça Atenas para impor as brutais políticas exigidas por seus supostos salvadores. Com toda razão e justiça, os trabalhadores não querem ser responsabilizados por uma crise provocada pelos jogadores das finanças, e a ameaça de uma explosão social, que poderia reverberar por toda a Europa, tem paralisado as lideranças governamentais grega e europeia. A injeção de fundos outorgada pelo Banco Central Europeu, o FMI e os principais países da zona do euro não têm feito nada a não ser agravar a crise e fomentar os movimentos especulativos do capital financeiro.
O resultado mais visível tem sido acrescentar a exposição dos bancos europeus ao que já aparece como uma inevitável moratória grega. São conhecidas as receitas do FMI, do BM e do Banco Central Europeu: redução de salários e aposentadorias, demissões massivas de funcionários públicos, privatização de empresas estatais e desregulamentação dos mercados para atrair investimentos.
Elas têm surtido os mesmos efeitos sofridos por vários países da América Latina, notoriamente a Argentina. Pareceria que o curso dos acontecimentos na Grécia se encaminha para uma estrondosa queda como a que os argentinos conheceram em dezembro de 2001. Deixando de lado algumas óbvias diferenças, há demasiadas semelhanças que abonam este prognóstico. O projeto econômico é o mesmo, o neoliberalismo e suas políticas de choque; os atores principais são os mesmos, o FMI e os cães de guarda do imperialismo em escala global; os ganhadores são os mesmos, o capital concentrado e especialmente a banca e as finanças; os perdedores são também os mesmos, os assalariados, os trabalhadores e os setores populares; e a resistência social a essas políticas tem a mesma força que soube ter na Argentina.
É difícil imaginar um soft landing, uma aterrissagem suave, desta crise. O previsível e mais provável é precisamente o contrário, tal como ocorreu no país sul-americano. Claro que, diferentemente da crise argentina, a grega está destinada a ter um impacto global incomparavelmente maior. Por isso o mundo dos negócios contempla com horror o possível “contágio” da crise e seus devastadores efeitos entre os países do capitalismo metropolitano. Estima-se que a dívida pública grega alcança os US$ 486 bilhões e que representa uns 165% do PIB do país. Mas tal coisa ocorre numa região, a “eurozona”, onde o endividamento já ascende os 120% do PIB dos países, com casos como o da Alemanha, (com cerca de 143%), França (188%) e Grã Bretanha (398%).
Não deve ser esquecido, além disso, que a dívida pública dos Estados Unidos já alcança 100% de seu PIB. Em uma palavra: o coração do capitalismo global está gravemente adoecido. Por contraposição, a dívida pública chinesa em relação ao seu gigantesco PIB é de apenas 7%, a da Coreia do Sul 25% e a do Vietnã 34%.
Há um momento em que a economia, que sempre é política, se transforma em matemática e os números cantam. E a melodia que entoam diz que aqueles países estão na beira de um abismo e que sua situação é insustentável. A dívida grega – exitosamente dissimulada em sua gestação e desenvolvida graças ao conchavo criminoso de interesses entre o governo conservador grego de Kostas Karamanlis e o banco de investimento favorito da Casa Branca, Goldman Sachs – foi financiada por muitos bancos, principalmente na Alemanha e, em menor medida, França.
Agora são credores de papéis de uma dívida que a qualificadora de riscos Standard & Poor’s (S&P) classificou com a pior nota do mundo, CCC, isto é, tem crédito sobre um devedor insolvente e que não tem condições de pagar. Em igual ou pior posição se encontra o ultraneoliberal Banco Central Europeu, razão pela qual um ‘calote’ grego teria conseqüências cataclísmicas para este verdadeiro ministro das finanças da União Europeia, situado à margem de qualquer controle democrático.
As perdas que originaria a bancarrota grega não só comprometeriam os bancos expostos, mas também os dos países com problemas, como Espanha, Irlanda, Itália e Portugal, que teriam de suportar juros mais elevados que os atuais para equilibrar suas deterioradas finanças.
Não é preciso muito esforço para imaginar o que sucederia se os gregos suspendessem unilateralmente os pagamentos, cujo primeiro impacto se daria na linha de flutuação da nave européia, a Alemanha. Os problemas da crise grega (e europeia) são de origem estrutural. Não se devem a erros ou a percalços inesperados senão que expressam a classe de resultados previsíveis e esperados quando a especulação e o parasitismo rentista assumem o posto de comando do processo de acumulação de capital.
Por isso, no fragor da Grande Depressão dos anos 30, John Maynard Keynes recomendava, em sua célebre Teoria Geral da Ocupação, Juros e o Dinheiro, praticar a eutanásia do rentista como condição indispensável para garantir o crescimento econômico e reduzir as flutuações cíclicas endêmicas no capitalismo.
Seu conselho não foi considerado e hoje são aqueles setores os que se apropriaram da hegemonia capitalista, com as consequências por todos conhecidas. Comentando sobre esta crise, Istvan Meszaros dizia há poucos dias que “uma crise estrutural requer soluções estruturais”, algo que quem está administrando a crise rechaça terminantemente. Pretendem curar um doente em estado gravíssimo com aspirinas.
É o capitalismo que está em crise e para sair dela torna-se imprescindível sair do capitalismo, superar o quanto antes um sistema perverso que conduz a humanidade ao holocausto em meio a enormes sofrimentos e uma depredação meio-ambiental sem precedentes. Por isso, a mal chamada “crise grega” não é assim; é, em lugar disso, o sintoma mais agudo da crise geral do capitalismo, essa que os meios de comunicação da burguesia e do imperialismo asseguram há três anos que já está em vias de superação, apesar de as coisas estarem cada vez pior.
O povo grego, com sua firme resistência, demonstra estar disposto a acabar com um sistema que já é inviável não no longo, mas no médio prazo. Há que acompanhá-lo em sua luta e organizar a solidariedade internacional para tratar de evitar a feroz repressão de que é objeto, método predileto do capital para solucionar os problemas que cria sua exorbitante voracidade. Talvez a Grécia – que há mais de 2.500 anos inventou a filosofia, a democracia, o teatro, a tragédia e tantas outras coisas – possa voltar-se sobre seus foros e inventar a revolução anticapitalista do século 21. A humanidade lhe estaria profundamente agradecida.
Atilio Borón é doutor em Ciência Política por Harvard e professor da Universidade de Buenos Aires.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Trajetória de Dilma Rousseff vai para as telas

Longa será baseado no livro ‘A Primeira Presidenta’, de Helder Caldeira, sobre a “Dilma mulher-alfa”. Papel principal foi oferecido a Marieta Severo, que estuda a proposta

Maria Carolina Maia
Dilma 2011 03 11 Dilma: a mulher-alfa da política nacional (Antonio Cruz, Agência Brasil)
 
Depois de Lula, é a vez de Dilma Rousseff entrar em cartaz. O livro A Primeira Presidenta (Faces, 160 páginas, 29 reais), do palestrante e articulista Helder Caldeira, teve os direitos cinematográficos adquiridos pelo produtor Antônio de Assis, que pretende transformá-lo em filme, com Marieta Severo à frente. A atriz vai decidir sua participação após ler o roteiro.

Ainda sem diretor definido, o longa deve ser lançado em dezembro de 2012. Caldeira, que supervisionará o roteiro, espera que o filme seja feito sem recursos públicos. “Acho que é possível.” O articulista, que escreveu o livro em apenas seis dias, em janeiro deste ano, diz que a obra é focada na trajetória política de Dilma, definida por ele como uma “mulher-alfa”.

“Ela tem perfil gerencial, foi à luta e vem assumindo cargos importantes”, diz. “Estamos em pleno processo de ascensão do poder feminino. O filme vai mostrar isso.”

Caldeira explica que escreveu o livro rapidamente porque tinha o assunto “na ponta da língua”. A obra é uma versão das palestras em que faz um paralelo entre a trajetória política de Dilma, iniciada na década de 1980, no PDT de Leonel Brizola, com o processo de redemocratização do país.

 Segundo ele, o livro tem passagens que podem desagradar à presidente, como aquela em que ele lembra que ela não era a primeira opção do PT para a sucessão de Lula. Mas o capítulo em que Dilma se consolidou como candidata ganhou um título forte: “A gênese do vulcão”.

Ali, Caldeira defende a tese de que Dilma se impôs ao dar “uma aula de política”, no Senado, quando, questionada pelo senador José Agripino Maia (DEM) se mentira quanto ao dossiê de gastos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso, já que dissera em entrevista que costumava mentir,

Dilma disse ter mentido apenas para salvar companheiros de guerrilha.

“Ali, ela chancelou sua candidatura”, afirma.

Para o filme, o produtor Antônio de Assis pretende entrevistar pessoas ligadas a Dilma durante a ditadura, a infância e a adolescência, para acrescentar informações sobre esses períodos.

Caldeira também espera entrevistar a própria presidente.

Embora já esteja à venda, o livro A Primeira Presidenta terá um lançamento oficial apenas em 1º de agosto, na Casa do Saber do Rio de Janeiro.

Na ocasião, Helder Caldeira dará uma palestras sobre "mulheres-alfa".
 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Missa no Rio de Janeiro lembra 7° ano sem Leonel Brizola

O 7° aniversário da morte de Leonel Brizola será lembrado nesta terça-feira, 21 de junho, às 11 horas da manhã, com missa no Rio de Janeiro na Igreja de São Benedito dos Homens Pretos, na rua Uruguaiana – esquina com rua do Rosário – no Centro da cidade - mandada celebrar pela direção estadual do PDT-RJ e o Ministro Carlos Lupi.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

“A doutrina neoliberal enjaulou a economia política” - Mariano Kestelboim (Carta Maior)

 
Economia| 24/05/2011 | Copyleft

“A doutrina neoliberal enjaulou a economia política”

A doutrina neoliberal enjaulou o livre pensamento da política econômica através do estudo criptografado de uma pretensa ciência exata. Por detrás da enganosa bandeira do liberalismo, se pretende incorporar no programa uma matematização derivada de abstrações que funcionam sob supostas simplificações da realidade. A academia está em dívida. Não apenas por não ter feito uma autocrítica, mas também porque avança no objetivo de formar economistas que não serão capazes de perceber as relações de poder. O artigo é de Mariano Kestelboim, economista e diretor da Fundação Pro Tejer.

(*) Publicado originalmente em português no IHU/Unisinos

Na contramão do processo de recuperação da soberania nacional, iniciado após a grande crise da conversibilidade, a proposta de reforma no currículo de estudos da carreira de Licenciatura em Economia da Universidade Nacional de La Plata representa uma anacrônica tentativa de aprofundar nichos ao anti-desenvolvimentismo.

Por detrás da enganosa bandeira do liberalismo, se pretende incorporar no programa rigorosa matematização derivada de abstrações que funcionam sob supostas simplificações da realidade. Desse modo, os propulsores da reforma buscam retirar da disciplina boa parte do conteúdo social, político e histórico e os principais instrumentos metodológicos para o desenvolvimento de pesquisas.

A estratégia para encobrir as mudanças consiste em agregar um sistema de disciplinas optativas. De um total de quinze matérias sob essa nova modalidade, os alunos devem escolher dez para cumprir o programa. No entanto, das quinze matérias propostas como não obrigatórias, treze são de conteúdos sociais, ficando apenas quatro dessas sob o regime obrigatório de um total de vinte e duas matérias. Além disso, o plano do novo curso pretende continuar orientando as habilidades dos alunos para o desenvolvimento de projetos de lucro privado de caráter individual, apesar dessa fórmula ter alimentado a decadência da economia nacional.

As políticas economicas neoliberais, caracterizadas pelas regras de mercado como orientadoras do funcionamento da sociedade se impuseram no país a partir do terrorismo de Estado em meados dos anos setenta. A estratégia foi ampla, renomearam a economia política como ciência econômica e passaram a influenciar a imprensa, a cultura e a administração pública. Essas áreas foram complementares para cumprir o objetivo de desintegrar a indústria, romper com a organização operária, despolitizar a sociedade, exacerbar o consumismo promover o individualismo, controlar os recursos nacionais e desprestigiar o papel do Estado.

O surpreendente do poder anti-desenvolvimentista foi tanto o ocultamento das relações de força como também a permanência de sua legitimidade, apesar de sua ineficacia em responder a favor dos interesses nacionais nas crises. O paradigma neoliberal não foi capaz de oferecer explicações consistentes e propostas de mudança que não agravassem a crescente depressão e desigualdade social.

Na última fase da crise sobreveio o Plano Félix que se constituíu no primeiro espaço acadêmico que sem abandonar a lógica capitalista, se tratou de um plano – publicado em dezembro de 2011 – de recuperação da economia, afastando-se da ortodoxia.

A consolidação do neoliberalismo se conseguiu, principalmente, através do êxtase diante dos centros do poder mundial, de uma academia dominante e vazia de nacionalismo. Ela desacreditou a todos aqueles que a enfrentaram. A sua lógica discriminatória foi se fortalecendo através de prêmios (bolsas, subsídios e estágios) que as universidades das nações mais desenvolvidas deram aos graduados com melhores notas dos países periférico.

As inconsistências do modelo de estudo neoliberal fracassaram também no resto do mundo. A crise internacional atual e os enormes custos sociais são uma clara amostra da incapacidade da teoria neoliberal em prevenir as crises e projetar políticas que as resolvam. De fato, hoje, até no mundo desenvolvido essas questões estão sendo colocadas. Por isso tudo, o plano de estudos proposto revela uma grande desatualização por aqueles que o propõe.

Lamentavelmente os conteúdos debatidos na universidade platense, agravarão a desumanização do estudo da disciplina. A doutrina neoliberal enjaulou o livre pensamento da política econômica através do estudo criptografado de uma prentesa ciência dura. A academia está em dívida. Não apenas por não ter feito uma autocrítica, mas também porque avança no objetivo de formar economistas que não serão capazes de perceber as relações de poder.

Se pensarmos bem, veremos que não desenvolverão condições de cumprir o seu principal dever profissional: realizar pesquisas sobre os problemas existentes e planejar políticas que permitam alterar as relações de força para gerar mudanças estruturais de promoção do desenvolvimento.

Tradução: Cepat

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Igreja negocia com os conservadores para impor nova derrota à ultradireita católica

15/5/2011 0:01,  Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro
igreja
D. Waldyr Calheiros faz uma análise do quadro político brasileiro
A fragmentação dos partidos da direita no país empurra uma parcela significativa do eleitorado conservador para o centro, com a formação do Partido Social Democrata (PSD), liderado por Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, sob as bênçãos de tucanos e democratas ávidos por uma chance de se aproximar da parcela de centro-esquerda que ocupa o Palácio do Planalto. Esta, por sua vez, realiza um movimento de rápida aproximação do ideário capitalista, demonstrada na recente visita do presidente norte-americano, Barack Obama, ao Brasil e na defesa contundente dos interesses de ruralistas por parte do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator das reformas no Código Florestal.
Os novos tempos da política nacional se refletem na disputa recente entre a parcela mais radical da Igreja Católica, liderada pela Arquidiocese Metropolitana de São Paulo, e setores outrora progressistas, hoje no campo da centro-direita, apenas como uma barreira de contenção ao ultraconservadorismo dos signatários daquele panfleto que acusava a então candidata, a atual presidenta Dilma Rousseff, de defensora do aborto, prócer do comunismo ateu, líder guerrilheira, ladra e assassina.
Às vésperas das eleições, em outubro do ano passado, por encomenda da Diocese de Guarulhos, segundo confessaram os proprietários da gráfica que imprimiu o panfleto intitulado Apelo a todos os brasileiros e brasileiras, assinado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, a Polícia Federal – a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – abriu um processo, até agora inconcluso, para identificar a participação do bispo D. Luiz Gonzaga Bergonzini, da Diocese de Guarulhos (SP) na campanha de difamação contra Dilma Rousseff.
Na época, liderada pela professora Monica Serra, mulher do candidato derrotado à Presidência da República pelo arco da direita, José Serra, ganhava corpo uma campanha feroz contra a adversária petista. A própria Dilma, em um dos últimos debates em rede nacional de TV, pediu a Serra que impedisse sua mulher de seguir adiante com o bordão sobre o suposto apoio petista ao aborto.
Além da ação dos policiais federais junto às gráficas paulistas, a indignação da artista e coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro, ex-aluna de Mônica Serra, publicada aqui no Correio do Brasil em matéria exclusiva, na qual lembrava o momento em que a mulher de Serra relatara em sala de aula o aborto a que teria se submetido, foi suficiente para que o candidato recuasse e o assunto se visse afastado do noticiário na imprensa conservadora, duas semanas antes das eleições. A reação do Judiciário e da imprensa independente, no entanto, não deteve o objetivo dos bispos ligados aos setores mais retrógrados da Igreja, de ganhar a Presidência da CNBB.
Até o término das eleições na CNBB, encerradas com a posse de Dom Raymundo Damasceno, em missa rezada nesta sexta-feira, a ultradireita tentou ocupar os cargos em disputa. Dom Raymundo foi eleito em segunda votação, com 196 votos, pois no primeiro escrutínio, apesar da dianteira, não alcançou a maioria necessária de dois terços, 182 votos. Em segundo lugar ficou o cardeal Dom Odilo Scherer, com 75 votos.
No primeiro escrutínio, segundo relatório da CNBB, Dom Damasceno obtivera 161 votos contra 91 de dom Odilo. Na primeira votação, também foram votados o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta (14); o arcebispo de São Luís (MA), Dom José Belisário da Silva; o arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Walmor Oliveira de Azevedo; o bispo de Jundiaí (SP), Dom Vicente Costa; o bispo da prelazia de São Felix do Araguaia (MT), Dom Leonardo Ulrich Steiner e o bispo de Cruz Alta (RS), Dom Friederich Heimler, com um voto cada.
O bispo D. Waldyr Calheiros Novaes, da Diocese de Barra do Piraí e Volta Redonda, em entrevista exclusiva ao CdB, neste sábado, ao analisar o atual quadro político nacional e seus reflexos na Igreja Católica, definiu o pleito na Conferência como um reflexo das disputas ideológicas em curso no país. A ascensão de D. Raymundo Damasceno, segundo D. Waldir, foi uma forma de conter o avanço da ultradireita, após uma negociação entre os setores progressistas e a centro-direita religiosa.
– A tentativa de setores da Igreja de estabelecer a hegemonia de São Paulo sobre o país incomodava o Nordeste e boa parcela de religiosos de Norte a Sul do Brasil, o que colocou de um lado o cardeal paulistano e, de outro, os representantes das demais dioceses, representados por outro cardeal, D. Damasceno. Embora o atual presidente da CNBB seja de uma linha bastante moderada da Igreja, não se compara ao grupo de bispos que fez aquela besteira (o panfleto) contra o aborto, ainda na campanha eleitoral – avaliou.
A escolha do secretário-geral da CNBB, D. Leonardo Steiner, sucessor do lendário bispo da prelazia de São Félix do Araguaia, D. Pedro Casaldáliga – de atuação decisiva na luta contra a ditadura militar no país – equilibra, de certa forma, a disputa com a ultradireita católica, na análise de D. Waldyr Calheiros.
– A CNBB é um colegiado e, em uma estrutura como esta, a Secretaria-Geral é decisiva no estabelecimento das linhas de apoio às comunidades eclesiais de base, principais redutos de resistência contra a opressão do sistema e último ponto de apoio às comunidades que não têm voz junto à sociedade – afirmou.
Ainda assim, de acordo com o bispo progressista, que resistiu ao lado dos trabalhadores à invasão da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, pelas forças do regime militar em 9 de novembro de 1988, quando três operários foram assassinados e outros 40 sairam feridos do episódio, “os movimentos de base esfriaram no Brasil”.
– As pastorais foram ocupadas por políticos de carreira e perderam muito do objetivo de sua existência ao longo dos últimos anos, o que deixou espaço para o crescimento do conservadorismo observado na ação dos bispos alinhados a D. Odilo Scherer. A disputa na CNBB demonstra o quanto foi necessário se negociar para que se chegasse a um frágil ponto de equilíbrio, preservadas as iniciativas populares de apoio aos grupos mais fragilizados da sociedade – concluiu.
Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O governo controla o gasto, não o déficit

Economia| 25/02/2011 | Copyleft

O governo controla o gasto, não o déficit

No livro "Teoria geral sobre o emprego, o juro e a moeda", Keynes destruiu vários mitos sobre o funcionamento de uma economia capitalista. Hoje, em plena crise e com discussões acaloradas sobre finanças públicas, há outra ideia igualmente perigosa que Keynes combateu com tenacidade. Consiste na comparação das finanças públicas com o orçamento de qualquer família. Com essa ideia falaciosa, hoje se insiste que o déficit público e o endividamento são insustentáveis. Nos Estados Unidos e na Europa, o argumento é o mesmo: como qualquer família, o governo tem que reduzir seus gastos. O artigo é de Alejandro Nadal.

Em 1936, John Maynard Keynes publicou sua Teoria geral sobre o emprego, o juro e a moeda. É o livro de economia mais importante do século XX. Nele, Keynes destruiu vários mitos sobre o funcionamento de uma economia capitalista. Por isso a academia se encarregou de distorcê-lo, desvirtuá-lo, cooptá-lo e, quando isso não foi possível, relegá-lo ao esquecimento.

Uma das lendas mais importantes destruídas pela obra de Keynes foi a crença de que, quando existe flexibilidade nos salários, se reestabelece o pleno emprego. Baseado em sua análise da demanda agregada, o multiplicador e sua teoria monetária do investimento, Keynes demonstrou que a flexibilidade dos salários não só permite alcançar uma posição de pleno emprego, mas também pode conduzir para uma situação de crise. A razão, em poucas palavras, é que ao derrubar-se a demanda efetiva, o investimento e o emprego caem juntos.

Mas esta mensagem de Keynes (como outras) foi considerada demasiado subversiva. A academia, sempre tão preocupada com a ciência, dedicou-se a distorcer a mensagem das instituições keynesianas. O resultado foi um período de cinco décadas nas quais os economistas acadêmicos construíram e refinaram modelos cada vez mais inúteis sobre o funcionamento das economias capitalistas. Esses modelos foram utilizados pelos bancos centrais e ministérios de finanças de todo o mundo para o desenho e aplicação de políticas econômicas.

A base desses modelos é que as economias capitalistas são sistemas de equilíbrio geral, mas com fricções. Ou seja, o capitalismo é sempre bem comportado. Mas deixa de sê-lo quando enfrenta essas fricções que podem ser de todo tipo: desde regulações impostas pelo governo, passando pelos “perversos sindicatos” e chegando aos choques externos. Assim, a academia passou os últimos 50 anos refinando modelos sobre economias capitalistas de equilíbrio com turbulências. Esse esquema mental impede pensar a economia capitalista como fonte de instabilidade perigosa.

Hoje, em plena crise e com discussões acaloradas sobre finanças públicas, há outra ideia igualmente perigosa que Keynes combateu com tenacidade (mas parece que sem êxito). Consiste na comparação das finanças públicas com o orçamento de qualquer família. Com essa ideia falaciosa, hoje se insiste que o déficit público e o endividamento são insustentáveis. Nos Estados Unidos e na Europa, o argumento é o mesmo: como qualquer família, o governo tem que reduzir seus gastos.

No ano passado as economistas Ann Pettifor e Victoria Chick divulgaram uma pesquisa sobre a política tributária, a redução do gasto e a redução do endividamento na Inglaterra. Examinaram dados dos últimos 100 anos das contas públicas e analisaram os episódios nos quais o governo buscou melhorar sua posição fiscal e reduzir o nível da dívida por meio de cortes nos gastos. Os episódios de consolidação fiscal, nos quais o gasto público efetivamente caiu, foram comparados com períodos de expansão fiscal (nos quais o gasto aumentou). Os resultados contradizem de maneira irrefutável o que hoje se considera o ponto de vista dominante. A conclusão é que, quando se aumenta o gasto mais rapidamente, o nível de endividamento público (relativo ao PIB) cai e a economia prospera. EM troca, quando o gasto é reduzido, o coeficiente dívida/PIB piora e os demais indicadores (sobre PIB e emprego) evoluem desfavoravelmente.

Quando se quer reduzir o déficit, nem sempre é uma boa ideia cortar o gasto público. Para uma família a redução do gasto quase sempre conduz diretamente à redução de seu endividamento ou de seu déficit. Mas para um governo, as coisas não são tão simples. O que o trabalho de Pettifor-Chick demonstra é que o governo só tem controle sobre o gasto, não sobre o déficit. O déficit depende do que ocorre em toda a economia. Quando existe capacidade instalada ociosa (como é o caso na atualidade) um programa de investimento público é produtivo e gera maior atividade no setor privado por meio de um efeito multiplicador. Tudo isso gera maior arrecadação, reduz a necessidade de endividamento, assim como o pagamento de juros mais adiante.

Outra descoberta de Pettifor-Chick é que a redução do investimento público contribuiu para deprimir os ingressos fiscais. Um corte no gasto público só é acompanhado de aumento de arrecadação fiscal se há uma contrapartida de um aumento importante no investimento privado. Mas, na maioria dos casos analisados, a contração no gasto público esteve associada com um comportamento letárgico do investimento privado. Neste caso, os efeitos adversos do multiplicador são uma má notícia para o emprego e as contas públicas. A mensagem para o debate sobre o estímulo fiscal é bastante clara. Mas talvez chegue demasiado tarde.

Tradução: Katarina Peixoto

sábado, 12 de fevereiro de 2011

"The Three in One Post" é a designação de uma trinca de sites: no caso deste Blog, o da agência noticiosa "Google News", o de "Edson Paim Notícias" e o da "Carta Maior" os quais o leitor poderá acessar, diariamente, desde este Blog, um dos integrantes do Painel do Paim


Este Blog estará sempre atualizado, o que ocorre automaticamente, inclusive nos momentos em que você o acessa ou esteja lendo.

Para você ler as notícias que são postadas nos últimos instantes, pelo Google News, por Edson Paim Notícias e pela "Carta Maior", basta clicar nos seguintes LINKs:


http://news.google.com/ 

http://www.edsonpaim.com.br/

http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm

As instruções acima objetivam a maior visibilidade pelo leitor,  pois existe, também, outra  maneira de acessar, todos os dias, Notícias publicadas pelo "Google News", por "Edson Paim Notícias" e pela "Carta Maior", clicando  nos respectivos LINKs, situados ao lado direito desta página. 

A sequência dos LINKS é idêntica observada acima: O primeiro é o da agência noticiosa "Google News", o segundo é o de "Edson Paim Notícias" e, o terceiro é o da "Carta Maior",  os quais conduzem o leitor às últimas Notícias dos Municípios, dos Estados, do País e do Mundo, publicadas nessa trinca de sites, constituindo o seu jornal diário, designado: "THE THREE IN ONE POST".

CONFIRA!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Danos genéticos são causados logo após inalação de fumo, diz pesquisa

Cientistas 'seguiram' substância tóxica que provoca mutações; alterações do DNA podem causar câncer de pulmão

Da Redação do G1
Pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, dizem ter descoberto que a fumaça do cigarro começa a causar danos genéticos minutos após a inalação das substâncias tóxicas.

Os cientistas apontam que o câncer de pulmão mata cerca de 3 mil pessoas por dia, e grande parte dessas vidas se perdem por causa do cigarro. O fumo também está ligado a outros 18 tipos de câncer.

 Evidências científicas mostram que substâncias danosas presentes no tabaco, os chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), são um dos culpados pelo câncer de pulmão. Até agora, contudo, os cientistas não haviam detalhado como os HAPs causavam estragos no DNA humano.

Na experiência, os cientistas acompanharam o caminho da substância fenantreno (um tipo de HAP) em 12 voluntários fumantes. Eles descobriram que esse hidrocarboneto rapidamente forma uma substância tóxica no sangue, que estraga o DNA das células, causando mutações que podem causar câncer.

Os fumantes desenvolveram níveis máximos dessa substância em um tempo que surpreendeu os pesquisadores: entre 15 a 30 minutos aos a inalação da fumaça. Segundo os cientistas, é um efeito tão rápido que equivale a injetar a substância tóxica diretamente na corrente sanguínea.

“Os resultados reportados servem como um aviso severo a quem está considerando começar a fumar”, indicam os pesquisadores no estudo, divulgado na publicação científica “Chemical Research in Toxicology”.