quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Candidato socialista francês promete elevar impostos dos mais ricos

Rival de Sarkozy e favorito na corrida presidencial,

 Hollande defende profunda reforma tributária na França

iG São Paulo 26/01/2012 12:04


O socialista François Hollande, favorito na corrida presidencial da França, afirmou nesta quinta-feira que, se for eleito na votação de maio, elevará os impostos sobre os ricos, cortará os tributos sobre os lucros de empresas menores e cancelará bilhões de euros em incentivos fiscais introduzidos pelo atual presidente, o conservador Nicolas Sarkozy

Foto: AP
François Hollande discursa em Paris, capital da França


Hollande, que lidera as pesquisas de opinião, também disse que manterá a atual promessa do governo de eliminar a grande dívida pública até 2017, ao mesmo tempo em que criará 60 mil novas vagas para professores e 150 mil empregos custeados pelo Estado para trabalhadores iniciantes.
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Detalhes do programa eleitoral de Hollande foram divulgados por sua campanha antes de o candidato apresentá-lo para a imprensa nesta quinta-feira.
Em discurso, ele propôs a eliminação de incentivos fiscais no valor de 29 bilhões de euros para a população mais rica, introduzidos sob a gestão de Sarkozy, e a inclusão de 20 bilhões de euros em novos compromissos com gastos. Impostos sobre lucros de companhias sofreriam um grande corte no caso de pequenas empresas e seriam reduzidos para todas as outras, com exceção das grandes companhias.
Hollande também prometeu reformas fiscais mais profundas, que podem levar a maiores taxações sobre a renda dos ricos com a venda de ações e outros investimentos que estão sobre e acima do valor de salários anuais.
As pesquisas de opinião para o segundo turno das eleições presidenciais em 22 de abril e 6 de maio indicam que Hollande pode derrotar Sarkozy com mais de 10 pontos porcentuais de vantagem, o que o tornaria o primeiro presidente socialista em 17 anos


Com Reuters


Leia também:

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012



O que Publicam os Principais Jornais do País, nesta QUARTA-FEIRA, 25-01-2012 (Sinopse Radiobras)


O Globo

Manchete: Dilma decide demitir chefe do Dnocs, mas vai esperar PMDB
Presidente abre reforma ministerial com cerimônia de homenagem a Lula

O Palácio do Planalto já avisou ao PMDB que o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), Elias Fernandes Neto, terá de deixar o governo. Como mostrou O GLOBO, ele é acusado de favorecer seu estado com verbas federais e de desvios de R$ 312 milhões no órgão. O vice-presidente Michel Temer negocia a troca no Dnocs para evitar uma crise com o PMDB na Câmara, pois Elias é afilhado do líder Henrique Alves, que rejeita a substituição. Com o apoio do Planalto, o ministro da Integração, Fernando Bezerra - que também direcionou verbas a seu estado -, confirmou que mudará todas as diretorias do Dnocs, além da Codevasf e da Sudene, mas espera conversas com o PMDB. Ontem, a presidente Dilma comandou a solenidade de troca de Fernando Haddad por Aloizio Mercadante na Educação. O primeiro sai para disputar a prefeitura de SP. Mercadante será substituído na Ciência e Tecnologia por Marco Raupp, um técnico. Padrinho da candidatura de Haddad, o ex-presidente Lula voltou pela segunda vez ao Planalto, e emocionou ministros e Dilma. (Págs. 1 e 3 a 10)

Merval Pereira

Davos discute como promover o retorno do crescimento sem sacrificá-lo pelo excesso de austeridade. (Págs. 1 e 4)
Obama quer elevar impostos de ricos
De olho no ano eleitoral e com uma agenda já voltada para um segundo mandato, o presidente Barack Obama deu um tom doméstico ao seu discurso sobre o Estado da União, no Congresso americano, e defendeu o aumento de impostos para os mais ricos, de acordo com trechos divulgados antecipadamente pela Casa Branca. O assunto já domina a campanha republicana. (Págs. 1, 27 e Miriam Leitão) 
Sarkozy já admite derrota em eleições
Antes de anunciar sua candidatura, o presidente Nicolas Sarkozy já admite perder para os socialistas e diz que deixará a política: "Pela primeira vez em minha vida, enfrento o fim da minha carreira." (Págs. 1 e 28)
Yoani diz que se sente como Dilma
A blogueira Yoani Sánchez comparou sua atual situação em Cuba à vivida pela presidente Dilma Rousseff durante a ditadura: "Vi a foto de Dilma jovem sentada no banco dos acusados, e eu me sinto assim mesmo, agora." Ela não consegue permissão do governo cubano para viajar. (Págs. 1 e 29) 
Zuenir Ventura
Dissidentes cubanos dão a Dilma a chance de outro beau geste, depois do que fez com o Irã. (Págs. 1 e 7)
Remessas de lucros bateram recorde em 2011
Com a crise, as multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 38 bilhões de lucros a suas matrizes no exterior em 2011. A cifra é a maior em 64 anos e representa um avanço de 25% frente a 2010. Os gastos de brasileiros lá fora também bateram recorde: US$ 21 bilhões. (Págs. 1 e 21) 
No Sudeste, TJ do Rio é o que mais gasta com pessoal (Págs. 1 e 12)

Foto legenda: Foi poda
O saguão do Aeroporto Tom Jobim às escuras após a pane em duas linhas de transmissão de Furnas, causada, segundo a empresa, por uma poda de árvores em Lídice, no Médio Paraíba. (Págs. 1 e 13)
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Folha de S. Paulo

Manchete: 90% apoiam internação involuntária de viciados
Datafolha revela ampla aprovação ao tratamento forçado de usuários de crack

Para 9 em cada 10 brasileiros, um adulto dependente de crack deve ser internado mesmo contra a vontade. Homens e mulheres, de todas as idades, têm praticamente a mesma opinião.

O resultado é de pesquisa do Datafolha. O tema é polêmico desde o lançamento do plano federal de combate ao crack, em dezembro, e o início da ação policial na cracolândia paulistana. (Págs. 1 e Cotidiano C1)

Foto-legenda: Antes

Rua Helvetia, em novembro, antes da operação da Polícia Militar, repleta de usuários...

Foto-legenda: Depois

... a mesma via, ontem, quase um mês após o início da ação do Estado no centro de SP
Foto-legenda: Missão Haddad
De volta ao Palácio do Planalto, onde participou da posse de novos ministros, o ex-presidente Lula brinca com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que disputará a Prefeitura de São Paulo com o seu apoio (Págs. 1 e Poder A4)
Igor Gielow: Lula começa a etapa final de projeto de poder: conquistar SP
A saída de Fernando Haddad e a posse de Aloizio Mercadante marcaram mais do que uma transição no ministério. Transmutaram-se no primeiro ato público da pretensa etapa final do projeto lulista de hegemonia política: conquistar, enfim, São Paulo, capital e Estado.

Mas a ausência de Marta Suplicy é reveladora do que espera Haddad. (Págs. 1 e Opinião A2)
Polícia infiltrou homens para tentar desarmar invasores de área
Além de mobilizar 2.000 policiais para a desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), a PM infiltrou homens para saber onde estavam as armas exibidas por um grupo.

A megaoperação contrastou com a ausência de planejamento para abrigar as famílias retiradas. O município diz que os desabrigados terão de entrar na fila de espera por casa. (Págs. 1 e Cotidiano C4)
Justiça suspende liminar que dava a alunos acesso à redação do Enem (Págs. 1 e Cotidiano C9)

Circulação de jornais aumenta 3,5% em 2011, segundo o IVC (Págs. 1 e Mercado B4)

Dinheiro para emergentes será menor em 2012, alerta entidade
O fluxo de capitais para os mercados emergentes cairá 18% neste ano, para US$ 746 bilhões, segundo projeções do Instituto Internacional de Finanças, entidade que representa bancos e instituições financeiras.

Na contramão, o Brasil deve registrar crescimento de pouco mais de 4% na entrada de investimentos. O instituto alerta que cresceu o risco de contaminação do sistema bancário. (Págs. 1 e Mundo A20)
Pessimismo à chinesa
Os empresários chineses, campeões mundiais de crescimento, foram contaminados pela desconfiança global, informa Clóvis Rossi. Só 51% de seus executivos dizem que registrarão faturamento maior. No ano passado, eram 72%. (Págs. 1 e Mundo A18)
Supermercados de SP param de dar sacolas hoje
A partir de hoje, supermercados paulistas não distribuirão mais gratuitamente as sacolinhas plásticas descartáveis. Como alternativa, venderão sacolas biodegradáveis (de amido de milho) por R$ 0,19 ou ecobags retornáveis. (Págs. 1 e Mercado B7)
Cidade mutante
São Paulo segue a vocação de se reconstruir, sempre e sem parar. (Págs. 1 e 2)

Antonio Prata

Feliz aniversário, minha querida e horrorosa cidade (Págs. 1 e Cotidiano C1)
Dilma decide apertar controle de gastos extras do governo (Págs. 1 e Poder A8)

Saída de Sergio Gabrielli da Petrobras irrita cúpula do PT (Págs. 1 e Mercado B3)

Editoriais
Leia "Tensão no Golfo", sobre embargo europeu ao petróleo do Irã; e
"Paradoxo na Petrobras" , acerca de expectativas criadas por mudança na estatal. (Págs. 1 e Opinião A2)
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O Estado de S. Paulo

Manchete: Investimento no País cobre rombo recorde nas contas externas
Foram US$ 66,7 bi em aplicações produtivas ante US$ 52,6 bi de déficit em transações

Levantamento do Banco Central (BC) mostra que o Brasil recebeu, em 2011, o recorde de US$ 66,7 bilhões em investimentos produtivos. O valor superou em 48% os US$ 45 bilhões previstos originalmente pelo governo e cobriu o déficit de US$ 52,6 bilhões das transações do País com o resto do mundo, o maior desde 1947. Mesmo com a crise internacional, a entrada de recursos superou até mesmo períodos históricos, como nas privatizações ou em 2010, quando o Brasil deixou a crise anterior mais rapidamente que o restante do mundo. Em 2012, no entanto, o quadro não deve se repetir: o BC prevê que o investimento produtivo não será suficiente para cobrir o déficit. (Págs. 1 e Economia B1, B3e B4)

Recuo no emprego

No ano passado, segundo dados do Caged, foi criado 1,944 milhão de empregos, uma redução de 23,5% em relação à abertura recorde de vagas de 2010, que chegou a 2,543 milhões. (Págs. 1 e Economia B5)
Economia verde
Meta é diminuir impacto de produção e de locomoção. (Págs. 1 e Planeta)
Foto-legenda: Volta em grande estilo
Na primeira visita ao Planalto após iniciar o tratamento de câncer na laringe, o ex-presidente Lula prestigiou a despedida de Fernando Haddad do Ministério da Educação. O peso da cerimônia foi para não deixar dúvidas da disposição do PT de eleger Haddad prefeito de São Paulo. (Págs. 1 e Nacional A4)
Especial: São Paulo 458 anos
Na comemoração do aniversário da cidade, o Estado mostra as mudanças nas últimas décadas, “refotografando" personagens que estamparam as páginas do jornal nos mesmos locais da foto original. Assim, percebe-se a metamorfose da metrópole.

Foto-legenda: Renovação

Em 2004, aos 12 anos, Suelen Gomes viu sua casa ser destruída pelo fogo na Favela Buraco Quente, na Zona Sul. A família ergueu uma casa de alvenaria e hoje batalha para construir um futuro para a jovem e seu filho, Symon.

Crônica: A cidade que não se deixa capturar
Ignácio de Loyola Brandão

Mauricio deixou o Brasil em 1970 e desapareceu. Ele me ligou na sexta-feira, estava num hotel. Queria dar uma volta, como fazíamos nos bons tempos, mas tudo estava diferente. “Vou levar meses para recuperar a cidade”, disse. “Não que esteja ruim, mas é diferente. Sinto que precisamos redescobri-la a cada mês, a cada ano." (Págs. 1 e 11)
Peemedebista salva obra superfaturada
Operação comandada pelo grupo do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, salvou a construção da Barragem Oiticica. superfaturada em R$ 33,2 milhões. A obra, que era do governo do Rio Grande do Norte, agora será controlada por apadrinhados de Alves no Dnocs. (Págs. 1 e Nacional A6)
"Falta de juiz" justifica altos salários no Rio
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, disse ontem à rádio Estadão ESPN que o número insuficiente de magistrados é uma das razões para os altos salários na corte. “Os juízes acumulam funções e trabalham dobrado", afirmou. (Págs. 1 e Nacional A8)
Gates: "Brasil tem de ajudar países pobres"
No Fórum Econômico Mundial, que começa hoje em Davos, o bilionário Bill Gates, criador da Microsoft, pedirá ao Brasil que assuma maior compromisso com as nações pobres. "O Brasil deve se envolver mais na ajuda externa e assumir posição de liderança”, disse ao Estado. (Págs. 1 e Economia B6) 
Déficit de peritos trava trânsito
Apenas seis peritos criminais ficam de plantão para analisar os acidentes com vítimas em toda a cidade de São Paulo. O atraso na liberação das vias piora o trânsito. (Págs. 1 e Cidades C1 e C3)
Dora Kramer
Antes tarde

Dilma Rousseff anunciou que vai acompanhar “de perto" o que acontece. É a confissão de que o governo não vem cumprindo obrigações básicas. (Págs. 1 e Nacional A6)
Gilberto Kassab
A luta contra o crack

Há muito a fazer pelos químico-dependentes, vítimas de décadas de indefinições e infrutíferas querelas eleitoreiras, que em nada ajudam o Brasil. (Págs. 1 e Espaço Aberto. A2)
Roberto DaMatta
Emergências no Brasil

As emergências e os socorros passam numa primeira instância a "saber quem é a vítima" para, em seguida, dar-lhe atenção ou desamparo. (Págs. 1 e Caderno 2, D10)
Notas & Informações
No reino das boas intenções

Na primeira reunião ministerial de 2012, o governo viveu um esplendoroso dia de Poliana. (Págs. 1 e A3)
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Correio Braziliense

Manchete: Apagou legal
Pane no site do GDF muda os prazos no Nota Legal: mais de 83 mil pessoas terão que refazer a indicação dos créditos

A Secretaria de Fazenda decidiu reformular a página do programa depois que um problema técnico tirou o sistema do ar, na segunda-feira. A escolha do imposto a ser abatido pelos créditos – IPVA ou IPTU - havia começado em 15 de janeiro, com 83.431 acessos. Só que esses contribuintes vão repetir todo o processo. Para isso, terão de 30 de janeiro a 29 de fevereiro. Segundo os técnicos do governo, os ajustes vão garantir mais segurança ao site e agilidade na navegação para os cerca de 400 mil brasilienses inscritos. (Págs. 1 e 19)
Foto legenda: E a festa virou palanque...
Despedida de Haddad do Ministério da Educação conta até com a presença de Lula, que está em tratamento contra o câncer, e ganha ares de campanha. O ex-ministro, que no discurso procurou demonstrar intimidade com o ex-presidente, será candidato em São Paulo. (Págs. 1 e 3)
Dnocs sob domínio do líder do PMDB
De definição de projetos a nomeações que desagradem o governo, Henrique Eduardo Laves manda e desmanda no departamento. (Págs. 1 e 2)
Caso Duvanier: Versão de hospital é desmontada por vídeo
Imagens em poder da polícia mostram que a mulher de Duvanier Ferreira esteve no Santa Luzia na madrugada em que o secretário do Ministério do Planejamento morreu, após uma via-crúcis em busca de atendimento médico. A direção do centro informou que não havia registro da passagem deles pelo local. (Págs. 1 e 11)
Inflação ganha fôlego e assusta
Prévia do IPCA-15 mostra alta de 0,65% dos preços na primeira quinzena de janeiro. Consumidores já buscam alternativas para escapar dos produtos mais caros. (Págs. 1 e 8)
Silicone: ANS ameaça multar planos
Governo vai punir as operadoras de saúde que se recusarem a trocar as próteses mamárias com defeito. (Págs. 1 e 6)
Blitz: Alertas voltam às redes sociais
Perfis com os locais das barreiras estão novamente no ar. No DF, 10 mil motoristas foram pegos pela Lei Seca. (Págs. 1, 7 e 23)
Blogueira cubana tem fé em Dilma
Em entrevista ao Correio, Yoani Sánchez diz que espera ajuda da presidente brasileira para vir ao país. (Págs. 1 e 15)
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Valor Econômico

Manchete: Produtor banca safras recorde no Mato Grosso
Maior produtor de soja do país, o Mato Grosso nunca plantou tanto. Na safra que começou a ser colhida nos últimos dias, foram mais de 6,9 milhões de hectares - quase o tamanho da Irlanda. As expectativas convergem para uma produção igualmente recorde, acima de 22 milhões de toneladas, possivelmente com produtividade acima da média. A nova safra, a quinta consecutiva com aumento de produção, consolida a retomada sustentável do agronegócio mato-grossense após a crise da dívida na metade da última década.

A quebra de recordes na produção consolida também a maior independência dos grandes agricultores em relação aos empréstimos bancários, ao crédito oficial, progressivamente menor, e aos sucessores do Estado no financiamento aos produtores da região, as tradings. Segundo a Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso, a participação das empresas no funding da última safra foi de apenas 18% - em 2005, forneciam quase metade dos recursos. (Págs. 1 e B10)
Foto-legenda: Força a Haddad
Lula e Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, onde participaram da posse de Aloizio Mercadante na Educação: apoio ao ex-ministro Fernando Haddad na disputa pela prefeitura paulistana. (Págs. 1 e A6)
Transporte chega atrasado à Copa
A menos de 30 meses da Copa do Mundo de 2014, o atraso na preparação do sistema de transporte das 12 cidades-sedes está perto de se tornar irreversível. Pelo menos 19 obras de mobilidade urbana que deveriam ter avançado entre setembro de 2011 e janeiro de 2012, como previa o último balanço divulgado pelo governo federal, tiveram o cronograma descumprido.

O retrato do atraso pode ser visto na liberação de apenas R$ 194 milhões dos R$ 5,3 bilhões em empréstimos solicitados por Estados e municípios à Caixa Econômica Federal, maior agente financeiro dos empreendimentos de mobilidade. A maioria deles foi contratada entre julho e dezembro de 2010, mas a baixa qualidade dos projetos é a principal causa para que o desembolso seja inferior a 4% do total planejado. (Págs. 1 e A12)
Cai o volume de derivativos na BM&F
Pela primeira vez desde 2004, o mercado brasileiro de derivativos encolheu no início de ano. Os investidores apresentam uma exposição menor do que no começo de 2011 em contratos de juros, câmbio, índices e commodities negociados na BM&F. Mudanças na tributação, com a introdução do IOF sobre posições "vendidas" (apostando na baixa) em dólar, o aumento da volatilidade decorrente da crise internacional e a guinada na condução da política monetária em meados do ano passado explicam o movimento, segundo especialistas. Dados compilados pelo Valor, com colaboração de Paulo Fraletti, professor da FGV e do Insper, mostram que 2012 começa com uma exposição estimada em R$ 2,66 trilhões em contratos futuros na BM&F, em comparação aos R$ 3,14 trilhões do início de 2011. (Págs. 1 e C2)
Audiências agora são filmadas
Na Justiça de Santa Catarina praticamente não existe mais papel. Há equipamentos de filmagem em todas as varas do Estado e as sessões, depois que passaram a ser gravadas, são mais curtas. Para o juiz João Alexandre Dobrowolski, do grupo de trabalho do processo eletrônico do TJ-SC, a principal vantagem do sistema é o ganho de produtividade.

Santa Catarina talvez seja o Estado onde o processo de gravação das audiências esteja mais avançado, mas não é o único. Balanço parcial realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, a pedido do Valor, aponta que 42 dos 91 tribunais do país já instalaram o sistema em ao menos uma vara. O depoimento dos juízes mostra que as audiências se tornaram mais ágeis, já que não é mais preciso ditar todo o texto ao escrivão. (Págs. 1 e E1)
Pessimismo é maior entre os brasileiros
Executivos brasileiros estão mais pessimistas que a média mundial a respeito da evolução da economia global. Apenas 5% deles esperam que o cenário externo melhore nos próximos 12 meses, em comparação com 15% na média global. A PricewaterhouseCoopers (PwC) divulgou ontem, em Davos, sua pesquisa anual com CEOs mundiais, que envolveu 1.258 empresas em 60 países. O Valor teve acesso às opiniões dos 43 brasileiros que participaram do levantamento.

Para o presidente da PwC Brasil, Fernando Alves, os executivos entendem que o país não está dissociado do mundo. "O Brasil acreditou que estava distanciado da crise, mas o aprofundamento da recessão na Europa nos faz revisitar as coisas, porque impacta tanto a economia chinesa como a americana". (Págs. 1 e A4)
Fraude virtual prospera no Norte e Nordeste
Estados do Norte e Nordeste são os que registram proporcionalmente o maior número de fraudes nas compras eletrônicas, apesar do menor número de pessoas com acesso à internet. Ceará, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pará chegam a detectar fraudes em 15% das transações, segundo levantamento da empresa de autenticação de compras eletrônicas ClearSale. Em São Paulo e no Rio, os índices são de 4% e 3%, respectivamente.

"Acreditamos que muitas pessoas fraudadas nesses Estados são apenas laranjas", diz Rafael Lourenço, gerente de inteligência da ClearSale. Nas regiões Norte e Nordeste, de menor renda per capita, haveria maior incidência de pessoas que vendem seus próprios dados de cartão de crédito para grupos de fraudadores em troca de uma recompensa financeira irrisória. Quando recebem a fatura, esses consumidores alegam que não fizeram a compra e solicitam o estorno do valor cobrado na fatura. O prejuízo fica para o site de comércio eletrônico, que é obrigado a ressarcir o banco do cliente. (Págs. 1 e B1)
Demarcação de terras aumenta tensão entre brasiguaios e sem-terra no Paraguai (Págs. 1 e A9)

O fim de uma era para as exportações do Japão (Págs. 1 e B7)

Eurocopter vai transformar a Helibras em plataforma mundial, diz Bertling (Págs. 1 e B1)

Barreiras aos importados
Fabricantes de instrumentos musicais e de peças para motocicletas reuniram-se ontem com autoridades do governo, em Brasília, para reivindicar medidas de proteção contra a concorrência dos importados. (Págs. 1 e A4)
CiaoHub fará tablets no ES
A CiaoHub, associação da empresa americana Ciao Telecom com a sino-americana SinoHub, negocia com o governo de Vila Velha (ES) a construção de uma fábrica de tablets e celulares no município. (Págs. 1 e B2) 
Ceagesp bate recordes
Maior entreposto de alimentos da América Latina, a unidade da Ceagesp na capital paulista movimentou o volume recorde de 3,2 milhões de toneladas de produtos em 2011. A receita, também inédita, superou os R$ 5 bilhões. (Págs. 1 e B9)
Recordes nas contas externas
O Brasil pagou a investidores estrangeiros volume recorde US$ 39,9 bilhões em lucros e dividendos no ano passado. O investimento estrangeiro direto (IED) também foi recorde, de US$ 66,6 bilhões. (Págs. 1 e C1)
Brasil mantém atratividade
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) estima que o fluxo de capitais privados para os países emergentes deve diminuir 18% neste ano. O Brasil, no entanto, será exceção e devera receber um montante 4% maior, superior a US$ 142 bilhões. (Págs. 1 e C8)
Mudança no Tesouro Direto
A partir de junho, o Tesouro Direto - sistema de negociação de títulos públicos pela internet - passará a oferecer uma série de facilidades ao investidor. Uma das principais mudanças é a alteração dos valores para aplicação. (Págs. 1 e D1)
Brasil Travel na bolsa
Depois da Seabras, ontem foi a vez da holding de turismo Brasil Travel detalhar sua operação para entrada na bolsa. A oferta, destinada a investidores qualificados, poderá movimentar até R$ 1 ,4 bilhão. (Págs. 1 e D3)
São Paulo
A consultoria Accenture calcula que a exposição decorrente da Copa do Mundo poderá render R$ 9,2 bilhões à atividade turística de São Paulo até 2020. Mas, para isso, a cidade terá que superar dificuldades históricas nas áreas de segurança, limpeza e mobilidade urbana. (Págs. 1 e Caderno Especial)
Ideias
Martin Wolf

Aqueles que agem no sistema de mercado não têm nenhum incentivo para disponibilizar o bem ou evitar o mal. (Págs. 1 e A11)
Ideias
José Luís Fiori

A política econômica, entregue a si mesma, é cega e incapaz de alcançar seus próprios objetivos. (Págs. 1 e A11)
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Estado de Minas

Manchete: Motos fora de controle
Motociclistas andam em alta velocidade, driblam os radares e quase não são autuados pela fiscalização

Eles passam a toda nas lombadas eletrônicas, que só fotografam as placas da frente, inexistentes nas motocicletas. E têm meios de escapar dos radares, desviando da área de registro, ou tapando a placa com a mão, como fez o motoboy na Avenida Antônio Carlos. O resultado é que, embora as motos já sejam 13% da frota, respondem apenas por 8,7% das ocorrências que geraram suspensão de carteira no ano passado. Em contrapartida, estão envolvidas em 50,4% dos acidentes com vítimas atendidos no HPS. (Págs. 1 e 19)
Foto-legenda: Lula lá no Planalto...e de olho em São Paulo
Ao lado de Dilma e de Sarney, o ex-presidente Lula fez questão de participar da cerimônia de despedida de Fernando Haddad do Ministério da Educação, no qual será substituído por Aloizio Mercadante. Haddad é a aposta do PT para tentar recuperar a prefeitura da maior cidade do Brasil, à qual se tornou candidato graças ao apoio de Lula, de quem foi ministro por cinco anos. E o clima de campanha imperou numa das mais concorridas solenidades no Palácio do Planalto. (Págs. 1 e 3)
Vereadores: Câmara vai pagar mais dois salários
A convocação de suplentes para o lugar de dois parlamentares afastados pela Justiça sem perder os vencimentos obrigará o Legislativo de BH a pagar 43 salários por mês, em vez de 41. Segundo um aliado do prefeito Marcio Lacerda, ele deve sancionar hoje ou amanhã lei que cria 12 cargos sem concurso para organizar eventos na Casa. (Págs. 1, 6 e 7)
Em alta: Grande BH entre as que mais cresceram no mundo
Região metropolitana teve melhor desempenho econômico do Brasil e aparece em 28º lugar em ranking internacional. (Págs. 1 e 12)
Gasto dos brasileiros no exterior bate recorde (Págs. 1, 14 e Editorial, 10)

Mortes no Peru: Seis meses de angústia e mistério
Famílias do engenheiro mineiro e do geólogo paulista mortos na Amazônia peruana, onde faziam trabalho de pesquisa para construção de hidrelétrica, querem prorrogar investigações. Suspeitos continuam soltos e causa dos óbitos ainda não foi confirmada. (Págs. 1 e 21)
Silicone defeituoso: Anvisa multará plano que se recusar a trocar prótese (Págs. 1 e 9)

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Jornal do Commercio

Manchete: Sete assaltos a banco em menos de um mês
Estado acumulou em 24 dias quase a metade do número de investidas ocorridas em todo o ano passado. Ontem, alvo dos ladrões foi a agência do Santander do Arruda, Zona Norte do Recife. (Págs. 1 e Cidades 1)
Foto-legenda: Enterro de taxista se transforma em protesto contra a violência
Amigos de seu Lucas, que trabalhava com um fusquinha laranja e foi assassinado com 17 facadas na noite do último domingo, no Recife, fizeram pequena carreata no Centro da capital com um caixão simbólico, após o funeral do motorista no Cemitério de Santo Amaro. (Págs. 1 e Cidades 3)
Coletes à prova de bala vencidos
PM estava trabalhando com equipamentos defasados desde dezembro. SDS promete comprar novos. (Págs. 1 e Cidades 2)
RMR liderou criação de empregos em 2011
Grande Recife foi a região metropolitana do Brasil com melhor desempenho, com geração de mais de 66 mil novos postos, segundo dados do Ministério do Trabalho. (Págs. 1 e Economia 5)
Fera do Enem perde direito de ver provas
Tribunal Regional Federal da 5ª Região cassa liminar que dava acesso ao exame de 2011 a todos os candidatos. (Págs. 1 e 6)
Titular do Dnocs é demitido após denúncias (Págs. 1 e Capa Dois)

Foto-legenda: Planalto
Lula volta ao Palácio na despedida de Haddad. (Págs. 1 e 3)
Lixo hospitalar do Agreste será incinerado
Hoje começa a ser queimados resíduos encontrados no polo de confecções. Ao todo, 50 toneladas foram apreendidas. (Págs. 1 e Economia 3)
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Zero Hora

Manchete: Custo de estacionar no Centro varia 180%
Levantamento em 25 garagens nas ruas centrais de Porto Alegre mostra disparidades no valor cobrado de motoristas. (Págs. 1 e 46)
Em campanha: Obama tenta reconquistar americanos
Na fala anual ao Congresso, presidente dos EUA presta contas e lança candidatura à reeleição. (Págs. 1 e 24)
Susto no ar: Emergência interrompe voo Paris-Rio
Avião teve de retornar a aeroporto francês, e ninguém se feriu. (Págs. 1 e 30)
Foto-legenda: Refugiado no fórum
Ex-ativista pivô de crise diplomática entre Brasil e Itália, Cesare Battisti passeia pela Capital e agradece apoio de Tarso. (Págs. 1 e 6)
Alívio na seca: Chuva ameniza perdas na soja
Precipitações, ainda abaixo da média, trazem alento. (Págs. 1 e 36 a 38)
Sob neve cerrada: Davos encara protestos globais
Movimento inspirado no Ocupem Wall Street ronda Alpes Suíços. (Págs. 1, 4 e 5)
Recuperados - Meninos condenados
Conheça a história dos dois jovens que se salvaram entre 162 ex-internos da Febem (Págs. 1 e 41 a 43)
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Brasil Econômico

Manchete: Metrô do Rio e Supervia preparam fusão de operações e das empresas
As concessionárias que operam os serviços de metrô e de trem na região metropolitana do Rio de Janeiro já iniciaram o processo de fusão de suas operações e pretendem também fazer a união das empresas, controladas por Invepar e Odebrecht. De olho na Copa, o governo Cabral apoia. (Págs. 1 e 24)
IPO da rede de farmácias Pague Menos sai até maio
Francisco Deusmar Queirós vai abrir o capital de sua empresa, a maior do setor no Nordeste. (Págs. 1 e 34)
Novo fabricante de smartphones chega ao país
A americana CiaoHub vai investir R$ 50 mi em Vila Velha (ES) para produzir celulares e tablets. (Págs. 1 e 27)
Zona do Euro vai exigir “acordo por escrito” da Grécia
Países da região querem que os partidos gregos se comprometam com reformas econômicas. (Págs. 1 e 38)
Foto-legenda: Por Haddad, Lula volta ao Palácio
O ex-presidente foi a grande atração da concorrida posse de Aloizio Mercadante no Ministério da Educação. Foi uma demonstração de prestígio para Fernando Haddad, que saiu do governo para disputar a prefeitura de São Paulo, e tem Lula como padrinho. Cercado, agarrado e fotografado, o ex-presidente estava em casa no Palácio de Dilma. (Págs. 1 e 16)
Ti-ti-ti na Sapucaí
O clã Sarney, governadora Roseana à frente,vai cair no samba na Beija-Flor patrocinada pelo Maranhão. (Págs. 1 e 3)
São Paulo, 458 anos
A força do espírito empreendedor ainda ronda sob a garoa do principal centro financeiro, comercial e industrial da América Latina. (Págs. 1 e 4)

Avesso do avesso

A capital paulista ainda é dona do maior PIB industrial brasileiro. (Págs. 1 e 6)

No meio de olhares

Porto Seguro desafia a Cracolândia e mantém sua sede no centro da cidade. (Págs. 1 e 8)

A força da grana

Volume de negócios a credencia a ser o motor das finanças mundiais. (Págs. 1 e 10)
Emprego acende sinal amarelo para o crescimento
Os números do Caged vieram abaixo do esperado e abriram discussão sobre a retomada. O governo espera PIB de 4%, mas o FMI prevê 3% em 2012. (Págs. 1 e 14)
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terça-feira, 3 de janeiro de 2012


Explorando os limites de uma esquerda reformada

A esquerda, agora, precisa derrotar a direita - além das derrotas eleitorais que já lhe infringiu - no terreno das ideias. Isso significa salvar a democracia, dar efetividade às promessas de justiça e igualdade, que estão no âmago das constituições modernas. No atual período histórico, a democracia política, que era a cortesã escondida do socialismo, passa ser sua única companheira. Democracia e socialismo estão fundidos no programa de direitos e nas oportunidades de luta abertas firmemente pelas constituições democráticas. O artigo é de Tarso Genro.

Zygmunt Bauman, na primeira carta do seu livro recentemente publicado no Brasil, "44 cartas do mundo líquido moderno" (Zahar, 2011, 226 pgs.), faz duas perguntas e apresenta uma conclusão provisória: "Como filtrar as notícias que importam no meio de tanto lixo inútil e irrelevante? Como captar as mensagens significativas entre o alarido sem nexo? Na balbúrdia de opiniões e sugestões contraditórias, parece que nos falta uma máquina de debulhar para separar o joio do trigo na montanha de mentiras, ilusões, refugo e lixo."

A pergunta de Bauman tem tudo a ver com a impotência das esquerdas, principalmente nos países capitalistas mais desenvolvidos, para dar respostas a uma crise que vinha sendo prevista por alguns economistas, há mais de dez anos. Vê-se que esta, depois de revelada, apresenta características diferentes, sociais e econômicas, das anteriores. Tanto daquelas do fim do Século XIX, na Europa e na Rússia, como daquelas que ensejaram a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, entremeadas pela crise aguda de 1929.

A compreensão destas diferenças é o que permitirá uma renovação do ideário e da estratégia da esquerda, em escala mundial, que atualmente se encontra em recesso conservador, como é caso da social-democracia. Uma outra parte da esquerda está fragmentada em milhares de pequenos grupos de idealistas, com causas confusas ou não raras vezes meramente corporativas. 

Ambos os agrupamentos de esquerda identificam-se por estarem afastados dos cenários políticos onde se travam as batalhas pelos rumos da história: os cenários dos movimentos sociais de massas em defesa dos direitos prometidos pelas constituições modernas (teto, lazer, educação, informação livre, inclusão na sociedade de classes de maneira formal); e os cenários das disputas ideológicas com o projeto neoliberal, no âmbito da luta política democrática. A crise de personalidade da social democracia é, por outro lado, também uma crise da sua relevância na luta para ocupar governos e governar com coerência programática. 

Suponho que as diferenças significativas para uma estratégia de esquerda, são aquelas que marcam os cenários, tanto nos países do centro do capitalismo como nos países "emergentes": primeiro, a rapidez com que as crises contaminam o cenário global é a mesma rapidez - com fundamento nas mesmas tecnologias informacionais - que permite a manipulação dos seus efeitos e a criação de hegemonias artificiais, para a universalização dos "remédios" anticrise; segundo, os trabalhadores do setor público e os trabalhadores assalariados de boa renda ou renda razoável, estão separados dos pobres das periferias, dos imigrantes, dos favelados criminalizados, desempregados, intermitentes ou precários. Estes constituem "ameaças", originárias de quem está excluído e cujas demandas, se aceitas pelos governos, podem exigir repartição de benefícios sociais e disputa pelos empregos dos que estão protegidos na formalidade.

Finalmente, uma terceira diferença substancial: as representações parlamentares dos partidos de esquerda livraram-se, em regra, daquela posição clássica de mera denúncia do "parlamento burguês". Substituíram, porém, esta ideologia da destruição do Estado por uma ideologia que faz, em regra, das bancadas de esquerda, mais uma soma de posições corporativas do mundo do trabalho ou mesmo de setores empresariais, do que uma síntese programática em defesa de um padrão desenvolvimento alternativo e de um novo conteúdo democrático para a república. Neste sentido, as delegações parlamentares de esquerda aproximam-se, perigosamente, da prática tradicional dos partidos cujo sentido é perpetuar uma burocracia parlamentar-profissional, alheia a princípios programáticos.

As transformações do capitalismo, que "cindiram" o campo dos assalariados e dos pobres, em geral, unificaram os "de cima, a partir da força coercitiva do capital financeiro e da ciranda especulativa. Ao mesmo tempo, estas transformações e a necessidade de manejo da dívida pública de maneira "responsável" aproximaram do estado, em geral, os grandes grupos empresariais de comunicação e os grandes oligopólios privados.

Os estados, premidos pela dívida, e as corporações de empresas em geral (donas ou reféns dos bancos) constituem hoje (unidos todos pelas algemas da dívida pública) um "estado ampliado". Por isso mesmo é, também, um estado que vem crescentemente renunciando as suas funções públicas originárias, inclusive aquelas de dar sustento, com juros subsidiados e aportes de infraestrutura, aos investimentos do setores produtivos estratégicos para o projeto nacional. Aqui, a lógica da globalização financeira e da dívida fala mais alto do que a ideia de nação, seja do ponto de vista do controle das riquezas naturais no território, seja do ponto da vista da formação de uma comunidade de destino que institui o "ethos" da nação.

O exemplo grego é emblemático. Não só no que se refere à "revogação" do referendo, feita pelo Banco Central Europeu, mas também no que refere às distintas reações políticas do mundo do trabalho, com suas diversas hierarquias públicas e privadas, para contestar o sacrifício das novas reformas.

Os trabalhadores, o povo grego em geral, os seus empresários nacionais, os seus setores médios empobrecidos, os seus agricultores, não apresentaram um programa alternativo de reformas, que implicasse numa nova relação com a União Européia. Não se uniram por uma saída alternativa para crise. Apenas "somaram" reivindicações de diversas categorias, públicas e privadas, de aposentados e pensionistas, de setores da indústria, sem compor um todo coerente em defesa de um novo modo de integração européia e de um novo estatuto de força para a comunidade política de esquerda, no âmbito da democracia, contra as tecnocracias financeiras. Os partidos que poderiam fazer isso, ou foram impotentes e fragmentários, ou foram coniventes ou omissos. Lembremos o que ocorreu na Grécia, na Espanha, na Itália, em Portugal...

Ao contrário do que ocorreu em outros períodos da História, nos quais os debaixo "pagavam" as crises com o desemprego e a recessão (na "destruição criativa" de que nos falava Marx), mas cobravam avanços sociais e, no mínimo, compartilhamento nas decisões de estado, no atual período -em cada crise- a esquerda sai mais enfraquecida. Uma parte dela já adotara os valores de uma desigualdade que seria modernizante e que, presumidamente, traria automaticamente melhorias para todos. A outra parte não construiu um programa de respostas, que instituísse uma nova correlação de forças política no plano interno (senão uma nova hegemonia), e ao mesmo tempo protegesse ou pelos menos sustentasse os direitos sociais já conquistados. A primeira parte da esquerda pulou o muro ou ficou encima dele e a segunda fez bravatas corporativas ou não tinha o que dizer. 

Uma esquerda reformada não pode sair da tradição socialista, que, no atual período, significa concretamente opor a defesa dos direitos ao sucateamento dos direitos. Significa defender a globalização dos direitos sociais em conjunto com a globalização do capital. Defender a organização do consumo sustentável, combinada com a regulação social do mercado. Significa defender a solidariedade aos ex-países coloniais e a sua gente imigrada, opondo-se ao racismo e à xenofobia. Significa defender a estabilidade da democracia parlamentar e das instituições republicanas, combinadas com a participação direta e virtual da cidadania. Uma esquerda renovada defenderá políticas de desenvolvimento regional que partam da valorização da bases produtivas locais e da valorização das suas respectivas culturas. A esquerda renovada deve, enfim, repor no discurso político e nas ações de governo, a agenda do combate às desigualdades, tão cara à tradição socialista, social-democrata ou meramente republicano-democrática, que o neoliberalismo conseguiu arquivar. 

O grande Giovanni Arrighi, falecido em 2009, chegou a ter esperança num mundo "não-hegemônico", cessados os efeitos da crise, em função da emergência da China e da policentralidade mais expressiva, que fatalmente adquiriria o capitalismo no período pós-crise. Tal mundo não se confirmou, lamentavelmente, mas as diferenças sul-norte, hoje, tem novas características políticas. As experiências latino-americanas de não aceitar passivamente as cartilhas neoliberais, embora as campanhas difamatórias contra todos os governos que se opuseram ao "caminho único", abrem novas perspectivas para o discurso e para as práticas de governo da esquerda. 

A esquerda, agora, precisa derrotar a direita - além das derrotas eleitorais que já lhe infringiu - no terreno das ideias, no terreno da cultura política. Isso significa salvar a democracia, com um programa aplicável e realista cujo limite, ao mesmo tempo radical e amplo, é dar efetividade às promessas de justiça e igualdade, que estão no âmago das constituições modernas, tão duramente conquistadas ao longo de duzentos anos de lutas. 

A derrota da democracia pela manipulação da informação, pela falta de crença popular na efetividade dos direitos que modernamente lhe caracteriza, pela destruição da esfera da política com a desmoralização de todos os partidos e das práticas de gestão democrática, seria a derrota final da idéia do socialismo. A partir daí só poderá sobrevir a anomia e a barbárie. Quem precisa, hoje, apelar para práticas clandestinas, nos obscuros porões das agências de risco, é a direita neoliberal e os seus servos na tecnocracia dos partidos conservadores. 

No atual período histórico, finalmente, a democracia política, que era a cortesã escondida do socialismo, passa ser sua única companheira. Democracia e socialismo estão fundidos no programa de direitos e nas oportunidades de luta abertas firmemente pelas constituições democráticas.

(*) Governador do Rio Grande do Sul

domingo, 1 de janeiro de 2012


Vídeo-entrevista: Leandro fortes fala sobre a privataria

Vídeo-entrevista: Leandro fortes fala sobre a privataria (Rádio Legalidade)

Nosso entrevistado é Leandro Fortes, autor da reportagem de capa da revista Carta Capital desta semana sob o título “A mídia esconde o Brasil”, enfocando o fenômeno editorial do livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr, que virou best-seller, apesar de cerrado boicote dos grandes meios de comunicação. Nesta entrevista a FC Leite Filho, do cafenapolitica.com.br e TV Cidade Livre de Brasília, o repórter constata que a internet desbancou o poder que antes tinha a mídia de impor unilateralmente suas verdades: “Hoje, a informação, se não é verdadeira”, diz Leandro, “é imediatamente desmentida no Twitter, no Facebook ou nos blogs independentes”.

Ele cita a propósito o livro “A privataria tucana”, contando a história real daquilo que pode ser considerado o escândalo do século, que foram as negociatas envolvendo as “vendas” de nossas estatais, no governo Fernando Henrique Cardoso. Também autor de quatro livros, inclusive um sobre o chamado dossiê Cayman, relativo processo de lavagem de dinheiro dessas mesmas privatizações nos paraísos fiscais, o jornalista cita o exemplo da privatização da Telebrás: “Ora, antes de ela ser vendida, o BNDES lhe deu um empréstimo de dois bilhões de dólares e logo depois a empresa (todo o nossos sistema de comunicações, um dos maiores e mais modernos do mundo e financiado diretamente pelos brasileiros) foi vendida por dois bilhões de dólares”.
2a. parte

Professor de jornalismo e um dos repórteres mais íntegros da república, Amaury ainda fala nessa entrevista do novo horizonte que nos abre a internet: “A gente tem que mudar a nossa cabeça, porque há um admirável mundo novo na relação da comunicação no Brasil. Eesse mundo foi ditado pela internet. Eu, por exemplo, que sou jornalista, recebo muitas pautas de meus leitores, meus seguidores no Twitter e no Facebook. Eu discuto com eles essas pautas. Eu checo com eles. Eu parto da informação que circula na internet para fazer minhas matérias. Agora, uma coisa é a informação na internet. Outra coisa é o trabalho do jornalista. O trabalho do jornalista não pode ser feito por qualquer um. Nosso trabalho é processar a informação e transformá-la de modo que ela possa ser compreensível por qualquer pessoa, e checá-la, acima de tudo”.